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title: "Experimentos fatoriais $2^2$"
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# Introdução
Para realizar um experimento fatorial, seleciona-se um número fixo de
**níveis** de cada um dos **fatores** (variáveis explicativas ou
tratamentos), e realiza-se os experimentos em todas as possíveis
combinações. Vamos analisar inicialmente experimentos que possuem apenas
dois níveis para cada fator, por isso são chamados de experimentos
$2^k$.
```
|-> número de fatores
2^k = número de observações (mas pode ter repetições)
número de níveis <-|
```
Os fatores podem ser qualitativos ou quantitativos. Dessa forma, dois
níveis de uma variável quantitativa podem ser duas temperaturas, ou duas
concentrações diferentes. Para fatores qualitativos, os níveis podem ser
dois tipos de catalisador ou a presença/ausência de alguma substância.
Experimentos fatorias com dois níveis são extremamente importantes
porque:
1. Requerem relativamente poucas "corridas" para cada fator estudado.
2. A interpretação dos resultados obtidos pode ser feita de forma
direta, através do senso comum, aritmética simples e gráficos.
3. Quando os fatores são quantitativos, embora não seja possível
explorar uma vasta região do espaço do fator, pode-se determinar uma
direção para experimentos futuros.
4. Os experimentos podem ser convenientemente aumentados quando uma
exploração mais completa for necessária, um processo chamado de
**exploração sequencial**.
5. Eles formam a base para os experimentos **fatoriais fracionados**,
onde apenas uma parte (cuidadosamente escolhida) de um fatorial
completo é realizada. Estes experimentos são de particular interesse
quando se deseja fazer uma *triagem* para determinar os fatores mais
importantes de um conjunto muito grande de variáveis (*factor
screening*).
6. Experimentos fatorias ou fatorias fracionados são naturalmente
utilizados como uma estratégia sequencial de geração de conhecimento,
conforme visto [anteriormente](catalizando-conhecimento.html).
Por isso, os experimentos fatoriais são utilizados em fases
exploratórias da região experimental pois permitem estudar com baixo
custo um número grande de fatores. Isso permite selecionar os fatores de
importância e indica uma nova região experimental para um próximo
ensaio. Decorrente do uso de apenas 2 níveis por fator, assume-se que a
resposta seja aproximadamente linear ao redor dos níveis dos fatores
estudados.
# Modelo estatístico
O modelo mais simples de um experimento fatorial $2^2$ é aquele que
possui apenas uma observação para cada combinação dos dois fatores
envolvidos, ou seja, não existem repetições, e o experimento possui
apenas 4 observações. Nesse caso o modelo é
$$
y_{ij} = \mu + \alpha_i + \beta_j + \gamma_{ij} + \epsilon_{ij}
$$
onde $\mu$ é a média geral do experimento, $\alpha_{i}$ é o efeito do
$i$-ésimo nível do fator A, $\beta_{j}$ é o efeito do $j$-ésimo nível do
fator B, $\gamma_{ij}$ é o efeito da interação entre A e B, e
$\epsilon_{ij}$ é o erro aleatório. Nesse caso particular de um
experimento $2^2$, temos $i = 1, \ldots, a$, e $j = 1, \ldots, b$, onde
$a = b = 2$.
Se o experimento possui mais de uma observação por combinação dos
fatores A e B, então dizemos que o experimento possui $r$ **réplicas**
ou **repetições**. Nesse caso, uma observação na {$ij$}-ésima
célula para a $k$-ésima repetição é denotada por $y_{ijk}$, e o modelo
fica
$$
y_{ijk} = \mu + \alpha_i + \beta_j + \gamma_{ij} + \epsilon_{ijk}
$$
com $k = 1, \ldots, r$ representando as repetições. Dessa forma, o
número total de observações do experimento será $n = abr$.
# Análise de Variância (ANOVA)
Conforme visto [anteriormente](anova-geral.html#experimentos_fatoriais),
vamos considerar um experimento fatorial em um delineamento inteiramente
casualizado, supondo que o fator A possui $a$ níveis, o fator B possui
$b$ níveis, e ocorrem $r$ repetições de cada combinação dos fatores A e
B. Também vamos considerar aqui que todos os fatores são de **efeito
fixo**.
Os modelos acima podem ser escritos na forma matricial como:
$$
\begin{align}
\mathbf{Y} &= \mathbf{X}\boldsymbol{\theta} +
\boldsymbol{\epsilon} \\
\mathbf{Y} &= \mathbf{X_G}\boldsymbol{\mu} +
\mathbf{X_A}\boldsymbol{\alpha} +
\mathbf{X_B}\boldsymbol{\beta} +
\mathbf{X_{AB}}\boldsymbol{\gamma} +
\boldsymbol{\epsilon}
\end{align}
$$
Onde as matrizes $\mathbf{X}$ são partições da matriz de delineamento
geral do modelo. Pelo diagrama de Hasse, chegamos à tabela geral de
ANOVA para experimentos fatoriais em DIC:
| Fonte de variação | GL | SQ | QM | E[QM] |
|-------------------|--------------|-----------------------|-----------------------------------------|-------------------------------|
| Parcela | $rab-1$ | $\mathbf{Y'Q_{P}Y}$ | $\frac{\mathbf{Y'Q_{P}Y}}{rab-1}$ | |
| ¬¬Fator A | $a-1$ | $\mathbf{Y'Q_{A}Y}$ | $\frac{\mathbf{Y'Q_{A}Y}}{a-1}$ | $\sigma^2_{P} + q_A(\Psi)$ |
| ¬¬Fator B | $b-1$ | $\mathbf{Y'Q_{B}Y}$ | $\frac{\mathbf{Y'Q_{B}Y}}{b-1}$ | $\sigma^2_{P} + q_B(\Psi)$ |
| ¬¬A#B | $(a-1)(b-1)$ | $\mathbf{Y'Q_{AB}Y}$ | $\frac{\mathbf{Y'Q_{AB}Y}}{(a-1)(b-1)}$ | $\sigma^2_{P} + q_{AB}(\Psi)$ |
| ¬¬Resíduo | $ab(r-1)$ | $\mathbf{Y'Q_{Res}Y}$ | $\frac{\mathbf{Y'Q_{Res}Y}}{ab(r-1)}$ | $\sigma^2_{P}$ |
As hipóteses a serem testadas, como vistas pela $E[QM]$ são então:
$$
\text{H}_0: q_A(\Psi) = 0 \qquad \text{H}_0: q_B(\Psi) = 0 \qquad
\text{H}_0: q_{AB}(\Psi) = 0
$$
Que são hipóteses equivalentes a:
$$
\begin{align}
\text{H}_0 &: \alpha_1 = \cdots = \alpha_a = 0 \\
\text{H}_1 &: \text{pelo menos um}\ \alpha_i \neq 0 \\
\end{align}
$$
$$
\begin{align}
\text{H}_0 &: \beta_1 = \cdots = \beta_b = 0 \\
\text{H}_1 &: \text{pelo menos um}\ \beta_j \neq 0 \\
\end{align}
$$
$$
\begin{align}
\text{H}_0 &: \gamma_{11} = \cdots = \gamma_{ab} = 0 \\
\text{H}_1 &: \text{pelo menos um}\ \gamma_{ij} \neq 0 \\
\end{align}
$$
Dessa forma os testes F associados às hipóteses acima são:
$$
\begin{align}
F_A &= \frac{\textrm{QMA}}{\textrm{QMRes}} \\
F_B &= \frac{\textrm{QMB}}{\textrm{QMRes}} \\
F_{AB} &= \frac{\textrm{QMAB}}{\textrm{QMRes}}
\end{align}
$$
Geralmente na ANOVA fatorial, a interação é analisada por primeiro. Caso
a interação seja significativa, então os efeitos principais (que podem
ou não ser também significativos) não possuem muito valor prático, pois
não faz sentido analisar os efeitos isoladamente quando eles dependem
entre si. Caso a interação não seja significativa, ela pode ser retirada
do modelo e a interpretação sobre os efeitos principais é direta.
# Estimação dos efeitos
A ANOVA para experimentos fatoriais determina quais fatores são
importantes, ou seja, aqueles que possuem influência na variável
resposta. Como mencionado anteriormente, caso a interação entre dois
fatores seja significativa, analisa-se apenas a interação, pois o
comportamente de uma variável é influenciado pela presença da outra (e
vice-versa), e não faz sentido analisá-las individualmente. Nesse caso
não importa se os outros fatores são significativos ou não, mas sempre
deve-se preservá-los no modelo pelo [princípio da
marginalidade](https://en.wikipedia.org/wiki/Principle_of_marginality).
Caso a interação seja não significativa, esse termo pode ser removido do
modelo, e analisa-se os efeitos dos fatores individuais. Caso um dos
fatores seja também não significativo, então remove-se esse termo do
modelo e obtém-se um modelo de um fator simples. (Se nenhum deles for
significativo, seu melhor modelo é a média geral!)
Após realizar a ANOVA e verificar quais fatores são importantes, o
interesse está então em se analisar qual o **efeito** que cada nível de
cada fator (ou da interação) possui sob a variável resposta. A análise
dos efeitos irá demonstrar se determinado nível possui influência
positiva ou negativa sob a variável, e se essa influência é
estatisticamente significativa (através de um teste $t$ sob a hipótese
nula de que o efeito é zero).
Os efeitos nada mais são do que os coeficientes dos parâmetros estimados
do modelo. Nesse caso, lembre-se que em modelos de ANOVA, para que os
parâmetros possam ser estimados é necessário redefinir o modelo, ou
utilizar algum tipo de restrição para qua a matriz $\mathbf{X}$ do
modelo seja de posto completo e possa ser invertida. Sendo assim, é de
se esperar que **as estimativas dos efeitos sejam dependentes do tipo de
parametrização ou restrição adotada**. (Isso é o oposto do que acontece
na ANOVA, pois as somas de quadrados são invariantes quanto ao tipo de
restrição adotada).
[Vimos que existem várias
formas](modelos-lineares.html#modelo_de_análise_de_variância_(anova)) de
restrição para tornar a matriz $\mathbf{X}$ de posto completo, entre
elas a restrição de zerar o primeiro nível de um fator (padrão no R) e a
restrição soma zero.
Apesar da restrição de zerar o primeiro nível ser muito comum
(principalmente por ser o padrão no R), existem vários motivos (que
veremos mais adiante) para se utilizar a restrição do tipo soma zero.
Entre esses motivos estão questões históricas (o desenvolvimento
principal da teoria foi realizada com esta restrição por Frank Yates), e
a facilidade da interpretação dos efeitos estimados. Convém ressaltar
que o tipo de restrição muda apenas a forma como se interpretam os
efeitos, e não tem a capacidade de alterar a interpretação final dos
resultados (um nível significativo sempre será significativo,
independente da restrição adotada).
## Usando restrição soma zero
Os experimentos fatorias em geral satisfazem as condições regulares
(fatores ortogonais e balanceamento) e nesse caso as médias amostrais
podem ser usadas para estimar os efeitos dos fatores. Isso facilita a
execução da análise que pode ser feita no local do experimento com lápis
e papel, outro experimento pode ser realizado em seguida a partir das
conclusões tiradas.
Os efeitos como contrastes entre médias são obtidos através do
**contraste soma zero**. Para obter esse contraste em um experimento
fatorial com dois fatores, considere que:
$$
\sum_{i=1}^{a} \alpha_i = 0 \qquad \sum_{j=1}^{b} \beta_j = 0
\qquad \sum_{i=1}^{a}\sum_{j=1}^{b} \gamma_{ij} = 0
$$
Se considerarmos um experimento fatorial $2^2$ sem repetição então temos
as seguintes equivalências:
$$
\begin{align}
\alpha_1 + \alpha_2 = 0 \quad &\Rightarrow \quad \alpha_2 = -\alpha_1 \\
\beta_1 + \beta_2 = 0 \quad &\Rightarrow \quad \beta_2 = -\beta_1 \\
\gamma_{11} + \gamma_{12} + \gamma_{21} + \gamma_{22} = 0 \quad
&\Rightarrow \quad \gamma_{22} = -\gamma_{11} - \gamma_{12} - \gamma_{21}
\end{align}
$$
Portanto, o modelo fica:
$$
\begin{align}
y_{11} &= \mu + \alpha_1 + \beta_1 + \gamma_{11} + \epsilon_{11} \\
y_{12} &= \mu + \alpha_1 - \beta_1 - \gamma_{12} + \epsilon_{12} \\
y_{21} &= \mu - \alpha_1 + \beta_1 - \gamma_{21} + \epsilon_{21} \\
y_{22} &= \mu - \alpha_1 - \beta_1 + \gamma_{22} + \epsilon_{22}
\end{align}
$$
E a matriz $\mathbf{X}$ do modelo fica:
$$
\mathbf{X} =
\begin{bmatrix}
1 & 1 & 1 & 1 \\
1 & 1 & -1 & -1 \\
1 & -1 & 1 & -1 \\
1 & -1 & -1 & 1
\end{bmatrix}
$$
Considerando o vetor de respostas na ordem padrão
$$
\mathbf{y} =
\begin{bmatrix}
y_{11} \\
y_{12} \\
y_{21} \\
y_{22}
\end{bmatrix}
$$
Podemos mostrar que a solução de mínimos quadrados dada por
$$
\boldsymbol{\hat\beta} = \mathbf{(X'X)^{-1} X'y}
$$
resulta em:
$$
\boldsymbol{\hat\beta} =
\frac{1}{4}
\begin{bmatrix}
y_{11} + y_{12} + y_{21} + y_{22} \\
(y_{11} + y_{12}) - (y_{21} + y_{22}) \\
(y_{11} + y_{21}) - (y_{12} + y_{22}) \\
(y_{11} + y_{22}) - (y_{12} + y_{21}) \\
\end{bmatrix}
$$
Note que, seguindo as linhas dessa matriz:
$$
\begin{align}
\frac{1}{4} (y_{11} + y_{12} + y_{21} + y_{22}) &= \bar{y} \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(y_{11} + y_{12})}{2} -
\frac{(y_{21} + y_{22})}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{1j} - \bar{y}_{2j}) \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(y_{11} + y_{21})}{2} -
\frac{(y_{12} + y_{22})}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{i1} - \bar{y}_{i2}) \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(y_{11} + y_{22})}{2} -
\frac{(y_{12} + y_{21})}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{ii} - \bar{y}_{ij})
\end{align}
$$
Portanto, pode-se notar que:
- O primeiro coeficiente é a média geral do experimento
- Os efeitos dos fatores são calculados como as diferenças entre as
médias dos níveis de cada fator
- O efeito da interação é a diferença entre as médias "cruzadas" de cada
fator
## Usando esquema de sinais
Uma outra forma de se chegar ao mesmo resultado é através do chamado
**esquema de sinais**. Esse sistema é exatamente igual à restrição soma
zero, mas tem a vantegam de poder ser representado geometricamente, o
que pode facilitar a visualização e interpretação dos efeitos de
experimentos fatorias mais complicados.
**Nomenclatura**:
- Fatores são representados por letras maiúsculas (A, B, C...)
- Os níveis de um fator são chamados de ALTO e BAIXO
- Um tratamento (combinação de fatores) é identificado por letras minúsculas
- Quando uma letra minúscula está presente é porque o fator
correspondente ocorre no nível ALTO
**Esquema de sinais**:
- O sinal `+` é associado ao nível ALTO e `-` ao nível baixo
- A combinação de tratamentos com ambos os niveis baixos é representado
por `(1)`
- Os sinais das interações são obtidos pelo produto dos sinais dos
fatores envolvidos
Dessa forma, para um fatorial $2^2$, o experimento pode ser representado
geometricamente por:
```
[+] b_________ab
| |
B | |
| |
[-] (1)________a
[-] A [+]
```
E a chamada **tabela de sinais** é desenvolvida da seguinte forma:
```
----------------------------------------------------
Nomenclatura Sinais Descrição
----------------------------------------------------
A B AB
(1) - - + A e B níveis baixos
a + - - A alto e B baixo
b - + - A baixo e B alto
ab + + + A e B níveis altos
----------------------------------------------------
```
Note que os sinais dos fatores na tabela de sinais é exatamente igual à
restrição soma zero utilizada anteriormente. A ordem de entrada dos
fatores e dos níveis nessa tabela é devido ao desenvolvimento de Frank
Yates, e por isso, é chamada de **ordem de Yates**. A única diferença
é que na ordem padrão da restrição soma zero, as observações no vetor
$\mathbf{y}$ estavam dispostas como $\mathbf{y} = [y_{11}, y_{12},
y_{21}, y_{22}]'$, indicando que o nível alto do fator A é a observação
$y_{21}$ e o nível alto do fator B por $y_{12}$.
Para manter as observações no ordem de Yates é necessário apenas
inverter essas duas linhas, e assim ficamos com a equivalência:
$$
\mathbf{y} =
\begin{bmatrix}
y_{11} \\
y_{21} \\
y_{12} \\
y_{22}
\end{bmatrix}
=
\begin{bmatrix}
(1) \\
a \\
b \\
ab
\end{bmatrix}
$$
Dessa forma, a matriz $\mathbf{X}$ fica:
$$
\mathbf{X} =
\begin{bmatrix}
1 & -1 & -1 & 1 \\
1 & 1 & -1 & -1 \\
1 & -1 & 1 & -1 \\
1 & 1 & 1 & 1
\end{bmatrix}
$$
E a solução de mínimos quadrados é dada por:
$$
\boldsymbol{\hat\beta} =
\frac{1}{4}
\begin{bmatrix}
y_{11} + y_{12} + y_{21} + y_{22} \\
(y_{21} + y_{22}) - (y_{11} + y_{12}) \\
(y_{12} + y_{22}) - (y_{11} + y_{21}) \\
(y_{11} + y_{22}) - (y_{12} + y_{21}) \\
\end{bmatrix}
$$
Dessa forma, tem-se que
$$
\begin{align}
\frac{1}{4} (y_{11} + y_{12} + y_{21} + y_{22}) &= \bar{y} \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(y_{21} + y_{22})}{2} -
\frac{(y_{11} + y_{12})}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{2j} - \bar{y}_{1j}) \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(y_{12} + y_{22})}{2} -
\frac{(y_{11} + y_{21})}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{i2} - \bar{y}_{i1}) \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(y_{11} + y_{22})}{2} -
\frac{(y_{12} + y_{21})}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{ii} - \bar{y}_{ij})
\end{align}
$$
Ou seja, a interpretação é a mesma, apenas mudam as comparações que
agora são entre a média do nível alto menos a média do nível
baixo (i.e. muda apenas o sinal).
Com o esquema de sinais, podemos escrever o vetor $\mathbf{y}$ como
$$
\mathbf{y} =
\begin{bmatrix}
(1) \\
a \\
b \\
ab
\end{bmatrix}
$$
e assim a solução de mínimos quadrados fica
$$
\boldsymbol{\hat\beta} =
\frac{1}{4}
\begin{bmatrix}
a + b + ab + (1) \\
(a + ab) - ((1) + b) \\
(b + ab) - ((1) + a) \\
((1) + ab) - (a + b) \\
\end{bmatrix}
$$
Sendo que:
$$
\begin{align}
\frac{1}{4} (a + b + ab + (1)) &= \bar{y} \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(a + ab)}{2} -
\frac{((1) + b)}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{A+} - \bar{y}_{A-}) \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{(b + ab)}{2} -
\frac{((1) + a)}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{B+} - \bar{y}_{B-}) \\
\frac{1}{2} \left[ \frac{((1) + ab)}{2} -
\frac{(a + b)}{2} \right] &=
\frac{1}{2} (\bar{y}_{AB+} - \bar{y}_{AB-})
\end{align}
$$
Onde $\bar{y_{A+}}$ e $\bar{y_{A-}}$ são as médias dos níveis alto e
baixo do fator A, respectivamente. Os demais são similares. Perceba
então que os efeitos são sempre um **contraste**, ou seja, uma diferença
entre as médias dos níveis alto e baixo de um mesmo fator.
Note que essa diferença é sempre dividida por 2, ou seja, na verdade, é
a metade da diferença entre as médias. Isso é consequência do fato de
que estes coeficientes são calculados com base em um modelo linear, onde
os parâmetros medem a alteração na variável resposta ($\mathbf{Y}$)
causada pela variação de uma unidade nas variáveis explicativas
($\mathbf{X}$). Por isso, os coeficientes estimados dessa forma são
chamados de **semi-amplitude** dos efeitos.
Como pode ser visto na representação geométrica do experimento, a
diferença entre as médias dos níveis alto e baixo de um fator é dada
pela variação de duas unidades (entre -1 e +1). Dessa forma, dizemos que
a **amplitude** dos efeitos de um fator mede o efeito ao se passar do
nível baixo (-1) para o nível alto (+1). Assim definimos o **efeito** de
um fator como sendo duas vezes a estimativa dos coeficientes dos níveis
de cada fator.
Assim, temos:
$$
\begin{align}
Ef_A = \bar{y}_{A+} - \bar{y}_{A-} = \frac{(a + ab) - ((1) + b)}{2} =
\frac{contr_A}{2} \\
Ef_B = \bar{y}_{B+} - \bar{y}_{B-} = \frac{(b + ab) - ((1) + a)}{2} =
\frac{contr_B}{2} \\
Ef_{AB} = \bar{y}_{AB+} - \bar{y}_{AB-} = \frac{((1) + ab) - (a + b)}{2} =
\frac{contr_{AB}}{2}
\end{align}
$$
As quantidades no numerador são chamadas de **contrastes**, que são
então apenas as diferenças entre os níveis alto e baixo de um fator.
Como existem $r2^{k-1}$ observações para cada combinação dos fatores,
então, para **qualquer experimento** $2^k$, as estimativas dos efeitos
podem ser calculadas de forma geral como:
$$
\begin{align}
Ef_A &= \frac{contr_A}{r2^{k-1}} \\
Ef_B &= \frac{contr_B}{r2^{k-1}} \\
Ef_{AB} &= \frac{contr_{AB}}{r2^{k-1}}
\end{align}
$$
<!-- # Exemplo -->
<!-- Voltando ao exemplo de um fatorial $2^2$ utilizado nas [aulas -->
<!-- anteriores](anova-geral.html#experimentos_fatoriais): -->
<!-- Os dados apresentados a seguir referem-se às produções (kg/m$^2$) de -->
<!-- soja quando cultivadas sob diferentes tratamentos (adubo e torta). O -->
<!-- experimento foi instalado segundo o delineamento inteiramente -->
<!-- casualizado (DIC), com 4 repetições. **Importante**: ambos os -->
<!-- tratamentos são considerados como fixos. -->
```{r, eval=FALSE, include=FALSE}
##----------------------------------------------------------------------
## Definições prévias do experimento
a <- 2
b <- 2
r <- 4
n <- a * b * r
##----------------------------------------------------------------------
## Dados
# T0 = sem torta; T1 = com torta
# A0 = sem adubo; A1 = com adubo
da.fat <- data.frame(parcela = factor(1:n),
torta = rep(c("T0", "T1"), each = a*r),
adubo = rep(c("A0", "A1"), each = r, times = b),
tratamento = rep(c("Tr1", "Tr2", "Tr3", "Tr4"),
each = a*b),
producao = c(28.2, 18.8, 19.6, 21.6,
30.8, 31.2, 28.8, 30.8,
29.8, 25.2, 24.8, 26,
29.4, 29.8, 28.6, 30.4))
## Estrutura dos dados
str(da.fat)
##----------------------------------------------------------------------
## Croqui do experimento
## Sorteia aleatoriamente as variedades e dispõe em uma matriz 4x4
set.seed(11)
croqui.DIC.fat <- sample(paste(da.fat$adubo, da.fat$torta, sep = ":"),
nrow(da.fat))
croqui.DIC.fat <- matrix(croqui.DIC.fat, ncol = a*b,
dimnames = list(1:(a*b), 1:(a*b)))
croqui.DIC.fat
##----------------------------------------------------------------------
## Atribui nomes comuns para variável resposta, linhas e colunas
var.resp <- da.fat$producao
parcela <- da.fat$parcela
tratamento <- da.fat$tratamento
fatorA <- da.fat$adubo
fatorB <- da.fat$torta
##----------------------------------------------------------------------
## Definições
a <- length(unique(fatorA))
b <- length(unique(fatorB))
r <- unique(table(tratamento))
n <- a * b * r
##----------------------------------------------------------------------
## Matrizes
## Vetor de respostas
(Y <- matrix(var.resp, ncol = 1))
## Matriz geral do modelo
(X <- model.matrix(~fatorA * fatorB,
contrasts = list(fatorA = contr.sum,
fatorB = contr.sum)))
## Matriz de médias
(Xg <- X[, "(Intercept)", drop = FALSE])
## Matriz de parcelas (identidade)
(Xp <- diag(1, nrow = n))
## Matriz do fator A
(Xa <- X[, "fatorA1", drop = FALSE])
## Matriz do fator B
(Xb <- X[, "fatorB1", drop = FALSE])
## Matriz da interação A:B
(Xab <- X[, "fatorA1:fatorB1", drop = FALSE])
##----------------------------------------------------------------------
## Matrizes M
## para média
Mg <- Xg %*% solve(t(Xg) %*% Xg) %*% t(Xg)
MASS::fractions(Mg)
## para parcelas
Mp <- Xp %*% solve(t(Xp) %*% Xp) %*% t(Xp)
MASS::fractions(Mp)
## para fator A
Ma <- Xa %*% solve(t(Xa) %*% Xa) %*% t(Xa)
MASS::fractions(Ma)
## para fator B
Mb <- Xb %*% solve(t(Xb) %*% Xb) %*% t(Xb)
MASS::fractions(Mb)
## para interação A:B
Mab <- Xab %*% solve(t(Xab) %*% Xab) %*% t(Xab)
MASS::fractions(Mab)
## para resíduo
Mres <- Mp - Ma - Mb - Mab - Mg
MASS::fractions(Mres)
##----------------------------------------------------------------------
## Matrizes de projeção ortogonal
## NOTE que quando assume-se os contrastes soma zero, os fatores ficam
## ortogonais entre si, e não sequenciais (condicionais). Por isso, não
## subtrai as matrizes marginais pois sendo ortogonais não existem
## termos marginais uns aos outros. Dessa forma não se calculam as
## matrizes Q, e utilizam-se as matrizes M como as matrizes núcleo das
## formas quadráticas.
## Qp <- Mp - Mg
## MASS::fractions(Qp)
## Qa <- Ma - Mg
## MASS::fractions(Qa)
## Qb <- Mb - Mg
## MASS::fractions(Qb)
## Qab <- Mab - Ma - Mb + Mg
## MASS::fractions(Qab)
## Qr <- Mp - Mab
## MASS::fractions(Qr)
##----------------------------------------------------------------------
## Graus de liberdade
## USANDO as matrizes M
(GLp <- sum(diag(Mp))) # n - 1
(GLa <- sum(diag(Ma))) # a - 1
(GLb <- sum(diag(Mb))) # b - 1
(GLab <- sum(diag(Mab))) # (a-1)(b-1)
(GLr <- sum(diag(Mres))) # ab(r - 1)
## Soma de quadrados
(SQp <- t(Y) %*% Mp %*% Y)
(SQa <- t(Y) %*% Ma %*% Y)
(SQb <- t(Y) %*% Mb %*% Y)
(SQab <- t(Y) %*% Mab %*% Y)
(SQr <- t(Y) %*% Mres %*% Y)
## Quadrado médio
(QMa <- SQa/GLa)
(QMb <- SQb/GLb)
(QMab <- SQab/GLab)
(QMr <- SQr/GLr)
## F calculado
(FcalcA <- QMa/QMr)
(FcalcB <- QMb/QMr)
(FcalcAB <- QMab/QMr)
## p-valor
(p.valorA <- pf(FcalcA, GLa, GLr, lower.tail = FALSE))
(p.valorB <- pf(FcalcB, GLb, GLr, lower.tail = FALSE))
(p.valorAB <- pf(FcalcAB, GLab, GLr, lower.tail = FALSE))
## Tabela final
tab.final <- data.frame("GL" = c(GLp, GLa, GLb, GLab, GLr),
"SQ" = c(SQp, SQa, SQb, SQab, SQr),
"QM" = c(NA, QMa, QMb, QMab, QMr),
"F" = c(NA, FcalcA, FcalcB, FcalcAB, NA),
"p-valor" = c(NA, p.valorA, p.valorB, p.valorAB, NA),
row.names = c("Parcela", " A", " B",
" A#B", " Resíduo"))
tab.final
## Comparando os resultados com a função `aov()`:
summary(aov(var.resp ~ fatorA + fatorB + fatorA:fatorB))
## Usando a função Error() para identificar o confundimento
summary(aov(var.resp ~ fatorA + fatorB + fatorA:fatorB +
Error(parcela)))
## Tira duas observações
da.fat2 <- da.fat
da.fat2$producao[c(3, 5, 8, 9, 12)] <- NA
da.fat2
m1 <- lm(producao ~ adubo * torta, data = da.fat2,
contrasts = list(adubo = contr.treatment,
torta = contr.treatment))
anova(m1)
m2 <- lm(producao ~ adubo * torta, data = da.fat2,
contrasts = list(adubo = contr.sum,
torta = contr.sum))
anova(m2)
m11 <- lm(producao ~ torta * adubo, data = da.fat2,
contrasts = list(adubo = contr.treatment,
torta = contr.treatment))
anova(m11)
m22 <- lm(producao ~ torta * adubo, data = da.fat2,
contrasts = list(adubo = contr.sum,
torta = contr.sum))
anova(m22)
library(car)
Anova(m1, type = "III")
Anova(m2, type = "III")
Anova(m11, type = "III")
Anova(m22, type = "III")
```