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title: "Modelos lineares"
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```{r setup, include=FALSE}
source("setup_knitr.R")
```
# Modelo linear tradicional
Considerando um modelo linear com uma variável resposta e apenas um
preditor linear, temos que
$$
Y_i = \beta_0 + \beta_1 X_i + \epsilon_i\, \qquad i = 1, \ldots, n
$$
onde:
- $Y_i$ é o valor da variável resposta da $i$-ésima observação
- $\beta_0$ e $\beta_1$ são parâmetros desconhecidos
- $X_i$ é o valor do preditor da $i$-ésima observação (uma constante
conhecida)
- $\epsilon_i$ é o erro aleatório (devido ao acaso) com $E(\epsilon_i) =
0$, e $V(\epsilon_i) = \sigma^2$. Além disso, $\epsilon_i$ e
$\epsilon_j$ são não correlacionados, ou seja, $Cov(\epsilon_i,
\epsilon_j) = 0, \forall\, i, j; i \neq j$
**Considerações importantes**:
1. A variável resposta $Y_i$ é a soma de dois componentes: (1) um termo
constante $\beta_0 + \beta_1 X_i$, e (2) um termo aleatório
$\epsilon_i$. Portanto, $Y_i$ é uma **variável aleatória**.
2. Como $E(\epsilon_i) = 0$,
$$
\begin{align}
E(Y_i) &= E(\beta_0 + \beta_1 X_i + \epsilon_i) \\
&= \beta_0 + \beta_1 X_i + E(\epsilon_i) \\
&= \beta_0 + \beta_1 X_i
\end{align}
$$
3. A variável resposta $Y_i$ "desvia" da função de regressão por uma
quantidade $\epsilon_i$
4. Os erros aleatórios possuem variância constante $\sigma^2$. Segue-se
que dessa forma, a variável $Y_i$ possui a mesma variância
$$
\begin{align}
Var(Y_i) &= Var(\beta_0 + \beta_1 X_i + \epsilon_i) \\
&= Var(\epsilon_i) \\
&= \sigma^2
\end{align}
$$
Portanto, o modelo assume que $Y$ possui a mesma variâncias,
**independente do nível da variável $X$**.
5. Como os erros $\epsilon_i$ e $\epsilon_j$ são não correlacionados, as
variáveis $Y_i$ e $Y_j$ também são não correlacionadas (*i.e*
independentes)
**Métodos de estimação**
Para encontrar as estimativas dos parâmetros desconhecidos $\beta_0$ e
$\beta_1$, podemos usar o método da **máxima verossimilhança** ou o
**método dos mínimos quadrados**. Aqui iremos abordar somento o último.
O método dos mínimos quadrados consiste em encontrar os estimadores que
minimizam a diferença entre uma observação $Y_i$ e seu valor esperado
$E(Y_i)$, ou seja,
$$
\begin{align}
Y_i &- E(Y_i) \\
Y_i &- (\beta_0 + \beta_1 X_i)
\end{align}
$$
Em particular, o método requer a soma dos $n$ desvios ao quadrado, ou
seja,
$$
Q = \sum_{i=1}^{n} (Y_i - \beta_0 - \beta_1 X_i)^2
$$
De acordo com o método dos mínimos quadrados, as estimativas de
$\beta_0$ e $\beta_1$ são obtidas quando o critério $Q$ é mínimo.
Lembre-se que para encontrar o mínimo de uma função, fazemos sua
derivada (parcial, em relação à cada parâmetro), e igualamos o resultado
a zero. Ao derivar $Q$ em relação à $\beta_0$ e $\beta_1$, temos as
seguintes equações
$$
\begin{align}
\frac{\partial Q}{\beta_0} &= -2 \Sigma (Y_i - \beta_0 - \beta_1 X_i) \\
\frac{\partial Q}{\beta_1} &= -2 \Sigma X_i (Y_i - \beta_0 - \beta_1 X_i)
\end{align}
$$
Igualando cada expressão a zero e expandindo os somatórios temos
$$
\begin{align}
n \hat\beta_0 + \hat\beta_1 \Sigma X_i &= \Sigma Y_i \\
\hat\beta_0 \Sigma X_i + \hat\beta_1 \Sigma X_i^2 &= \Sigma X_i Y_i
\end{align}
$$
que é chamado de **sistema de equações normais**, e $\hat\beta_0$ e
$\hat\beta_1$ são as estimativas pontuais para $\beta_0$ e $\beta_1$,
respectivamente. Isolando esses termos, encontramos as soluções:
$$
\begin{align}
\hat\beta_1 &= \frac{\Sigma (X_i - \bar{X})(Y_i - \bar{Y})}
{\Sigma (X_i - \bar{X})^2} \\
\hat\beta_0 &= \bar{Y} - \hat\beta_1 \bar{X}
\end{align}
$$
que são as chamadas **soluções de mínimos quadrados**.
**Resíduos**
O $i$-ésimo resíduo é a diferença entre o valor observado $Y_i$ e seu
correspondente valor predito $\hat{Y}_i$, onde
$$
\hat{Y}_i = \hat\beta_0 + \hat\beta_1 X_i\, \qquad i = 1, \ldots, n
$$
é o valor **ajustado** ou **predito** para cada nível $X$ da variável
preditora.
Sendo assim, o resíduo $e_i$ é
$$
\begin{align}
e_i &= Y_i - \hat{Y}_i \\
&= Y_i - (\hat\beta_0 + \hat\beta_1 X_i) \\
&= Y_i - \hat\beta_0 - \hat\beta_1 X_i
\end{align}
$$
É importante notar a diferença entre
$$
\epsilon_i = Y_i - E(Y_i)
$$
e
$$
e_i = Y_i - \hat{Y}_i
$$
O primeiro envolve a diferença entra $Y_i$ e a verdadeira equação de
regressão, que é desconhecida. O segundo é a diferença entre $Y_i$ e o
valor ajustado $\hat{Y}_i$ da equação de regressão estimada, ou seja, é
conhecido.
# Modelo linear na forma matricial
O modelo linear usual é definido por
$$
\mathbf{Y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
A estimativa de $\boldsymbol{\hat\beta}$ pelo método de **mínimos
quadrados** (MQ) é determinada pela minimização da soma de quadrados dos
erros
$$
\min{\{\boldsymbol{\epsilon'\epsilon}\}} = \min{\{(\mathbf{Y} -
\mathbf{X}\boldsymbol{\beta})'(\mathbf{Y} -
\mathbf{X}\boldsymbol{\beta})\}}
$$
Seja
$$
\begin{align}
Q &= (\mathbf{Y} - \mathbf{X}\boldsymbol{\beta})'(\mathbf{Y} -
\mathbf{X}\boldsymbol{\beta}) \\
&= \mathbf{Y'Y} - \boldsymbol{\beta'}\mathbf{X'Y} -
\mathbf{Y'X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\beta'} \mathbf{X'X}
\boldsymbol{\beta}
\end{align}
$$
Note que $\boldsymbol{\beta'}\mathbf{X'Y}$ é $1 \times 1$, portanto
é igual a sua transposta, ou seja, $(\mathbf{Y'X}\boldsymbol{\beta})' =
\boldsymbol{\beta'}\mathbf{X'Y}$. Portanto
$$
Q = \mathbf{Y'Y} - 2\boldsymbol{\beta'}\mathbf{X'Y} +
\boldsymbol{\beta'} \mathbf{X'X}\boldsymbol{\beta}
$$
Para encontrar os valores de $\boldsymbol{\beta}$ que minimizam $Q$,
fazemos as derivadas parciais em relação à $\boldsymbol{\beta}$
$$
\frac{\partial Q}{\partial \boldsymbol{\beta}} =
\mathbf{0} - 2\mathbf{X'Y} + 2\mathbf{X'X}\boldsymbol{\beta}
$$
Igualando o resultado a zero, obtemos o **sistema de equações
normais**
$$
\mathbf{X'X}\boldsymbol{\hat\beta} = \mathbf{X'Y}
$$
Note que (para um modelo considerando apenas dois parâmetros,
$\hat\beta_0$ e $\hat\beta_1$):
$$
\begin{align}
\mathbf{X'X}\boldsymbol{\hat\beta} &= \mathbf{X'Y} \\
\begin{bmatrix}
n & \Sigma X_i \\
\Sigma X_i & \Sigma X_i^2
\end{bmatrix}
\begin{bmatrix}
\hat\beta_0 \\
\hat\beta_1 \\
\end{bmatrix} &=
\begin{bmatrix}
\Sigma Y_i \\
\Sigma X_i Y_i
\end{bmatrix} \\
\begin{bmatrix}
n \hat\beta_0 + \hat\beta_1 \Sigma X_i \\
\hat\beta_0 \Sigma X_i + \hat\beta_1 \Sigma X_i^2
\end{bmatrix} &=
\begin{bmatrix}
\Sigma Y_i \\
\Sigma X_i Y_i
\end{bmatrix}
\end{align}
$$
que é o sistema de equações normais usual para modelos de regressão com
dois parâmetros.
Para obter a solução para a estimativa dos parâmetros envolvidos, nós
pré-multiplicamos ambos os lados da equação pela inversa de
$\mathbf{X'X}$, assumindo que ela existe:
$$
(\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'X}\boldsymbol{\hat\beta} =
(\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'Y}
$$
Sabendo que $(\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'X} = \mathbf{I}$ e
$\mathbf{I}\boldsymbol{\hat\beta} = \boldsymbol{\hat\beta}$, então
$$
\boldsymbol{\hat\beta} = (\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'Y}
$$
**Observação**: essa solução só será possível quando $\mathbf{X'X}$ é de
**posto completo**, é não singular e admite inversa.
Os valores **ajustados** (ou **preditos**) pelo modelo serão então
estimados por
$$
\mathbf{\hat{Y}} = \mathbf{X}\boldsymbol{\hat\beta}
$$
Mas podemos escrever essa equação para $\mathbf{\hat{Y}}$, usando a
expressão para $\boldsymbol{\hat\beta}$,
$$
\begin{align}
\mathbf{\hat{Y}} &= \mathbf{X}(\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'Y} \\
&= \mathbf{HY}
\end{align}
$$
Onde
$$
\mathbf{H} = \mathbf{X}(\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'} \\
$$
é chamada de **matriz chapéu**, ou **matriz núcleo**, ou **matriz de
projeção ortogonal**. Como veremos mais adiante, esta matriz é de
fundamental importância em modelos lineares. A matriz $\mathbf{H}$
possui duas propriedades fundamentais: é **simétrica** e
**idempotente**, ou seja,
$$
\mathbf{H}\mathbf{H} = \mathbf{H}
$$
Os **resíduos** também podem ser calculados através da matriz
$\mathbf{H}$, pois
$$
\begin{align}
\mathbf{e} &= \mathbf{Y} - \mathbf{\hat{Y}} \\
&= \mathbf{Y} - \mathbf{X}\boldsymbol{\hat\beta} \\
&= \mathbf{Y} - \mathbf{HY} \\
&= (\mathbf{I} - \mathbf{H})\mathbf{Y}
\end{align}
$$
Onda a matriz $(\mathbf{I} - \mathbf{H})$ também é simétrica e
idempotente. Com isso, deve-se esperar que a matriz $\mathbf{H}$ também
possua um papel importante no diagnóstico dos modelos baseado nos
resíduos.
# Modelo de regressão linear simples
Modela a relação entre duas variáveis quantitativas.
Especificando o modelo:
$$
y_i = \beta_0 + \beta_1 x_i + \epsilon_i, \qquad i = 1, \ldots, n
$$
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_1 \\ y_2 \\ \vdots \\ y_n
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & x_{1} \\
1 & x_{2} \\
\vdots & \vdots \\
1 & x_{n}
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\beta_0 \\ \beta_1
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_1 \\ \epsilon_2 \\ \vdots \\ \epsilon_n
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
## Exemplo no R
```{r}
##----------------------------------------------------------------------
## Conjunto de dados
data(cars)
## Estrutura
str(cars)
## Gráfico de dispersão
plot(dist ~ speed, data = cars)
##----------------------------------------------------------------------
## Como x têm níveis quantitativos, ajustamos uma função
m0 <- lm(dist ~ speed, data = cars)
coef(m0)
##----------------------------------------------------------------------
## Fazendo estimação "na mão"
## Matriz do modelo
(X <- cbind(1, cars$speed))
## Vetor de observações
(y <- matrix(cars$dist, ncol = 1))
## X'
Xt <- t(X)
## X'X
(XtX <- Xt %*% X)
## (X'X)^-1
solve(XtX)
## X'y
(Xty <- Xt %*% y)
## Ajuste por mínimos quadrados
## (X'X)^-1 X'y
solve(XtX) %*% Xty
```
# Modelo de regressão linear múltipla
Modela a relação entre uma variável resposta e duas ou mais variáveis
quantitativas.
Especificando o modelo:
$$
y_{ij} = \beta_0 + \beta_1 x_{i1} + \beta_2 x_{i2} + \cdots + \beta_k
x_{ik} + \epsilon_i, \qquad i = 1, \ldots, n,\, j = 1, \ldots, k
$$
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_1 \\ y_2 \\ \vdots \\ y_n
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & x_{11} & x_{12} & \cdots & x_{1k} \\
1 & x_{21} & x_{22} & \cdots & x_{2k} \\
\vdots & \vdots & \vdots & \ddots & \vdots \\
1 & x_{n1} & x_{n2} & \cdots & x_{nk}
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\beta_0 \\ \beta_1 \\ \vdots \\ \beta_k
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_1 \\ \epsilon_2 \\ \vdots \\ \epsilon_n
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
## Exemplo no R
```{r}
##----------------------------------------------------------------------
## Conjunto de dados
data(stackloss)
## Estrutura
str(stackloss)
## Gráfico de dispersão
plot(stackloss)
##----------------------------------------------------------------------
## Como x têm níveis quantitativos, ajustamos uma função
m1 <- lm(stack.loss ~ Air.Flow + Water.Temp + Acid.Conc.,
data = stackloss)
coef(m1)
##----------------------------------------------------------------------
## Fazendo estimação "na mão"
## Matriz do modelo
(X <- with(stackloss,
cbind(1, Air.Flow, Water.Temp, Acid.Conc.)))
## Vetor de observações
(y <- matrix(stackloss$stack.loss, ncol = 1))
## X'
Xt <- t(X)
## X'X
(XtX <- Xt %*% X)
## (X'X)^-1
solve(XtX)
## X'y
(Xty <- Xt %*% y)
## Ajuste por mínimos quadrados
## (X'X)^-1 X'y
solve(XtX) %*% Xty
```
# Modelo de Análise de Variância (ANOVA)
O interesse é e comparar diversas populações, ou diversas condições de
um experimento.
Modelos de ANOVA podem ser considerados como modelos lineares de valores
restritos de $x$, frequentemente 0 para indicar ausência de um nível, e
1 para indicar presença de um nível.
Especificando o modelo para um fator com 2 níveis ($i = 1, 2 = k$) e 3
repetições ($j = 1,2,3 = r$):
$$
y_{ij} = \mu + \alpha_i + \epsilon_{ij}, \qquad i = 1, 2 \quad j = 1,2,3
$$
Onde $\mu$ é a média geral das observações, $\alpha_i$ é o **efeito**
adicional na média geral para o nível $i$ do tratamento, e
$\epsilon_{ij}$ é o erro aleatório associado à cada observação.
O modelo na forma matricial é definido por:
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_{11} \\ y_{12} \\ y_{13} \\ y_{21} \\ y_{22} \\ y_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & 1 & 0 \\
1 & 1 & 0 \\
1 & 1 & 0 \\
1 & 0 & 1 \\
1 & 0 & 1 \\
1 & 0 & 1
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\mu \\ \alpha_1 \\ \alpha_2
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_{11} \\ \epsilon_{12} \\ \epsilon_{13} \\ \epsilon_{21} \\ \epsilon_{22} \\ \epsilon_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
Qual o problema com esse modelo, da forma como ele está definido?
A matriz $\mathbf{X}$ é $6 \times 3$ e de **posto** 2, porque a primeira
coluna é igual à soma da segunda e da terceira colunas, que são
*linearmente independentes*.
Como $\mathbf{X}$ não tem posto completo, os parâmetros $\mu$,
$\alpha_1$ e $\alpha_2$ não podem ser estimados por
$\boldsymbol{\hat\beta} = (\mathbf{X'X})^{-1}\mathbf{X'y}$ porque a
inversa de $\mathbf{X'X}$ **não existe** (*i.e* a matriz é
**singular**).
Por isso, modelos de ANOVA são também chamados de **modelos de posto
incompleto**.
Com 3 parâmetros a seren estimados e $posto(\mathbf{X}) = 2$ o modelo é
dito **superparametrizado**.
## Exemplo no R
```{r, error = TRUE}
##----------------------------------------------------------------------
## Fator com 2 níveis (k) e 3 repetições (r)
k <- 2
r <- 3
fator <- factor(rep(c("A", "B"), each = r))
## Cria a matriz do modelo sem nenhuma restrição
X <- matrix(0, nrow = k*r, ncol = k)
X[cbind(seq_along(fator), fator)] <- 1
(X <- cbind(1, X))
## X'
Xt <- t(X)
## X'X
(XtX <- Xt %*% X)
## (X'X)^-1
solve(XtX)
```
Como podemos ver nesse exemplo, a matriz $\mathbf{X}$ sendo de posto
incompleto é singular e não invertível.
Algumas abordagens para remediar o problema de superparametrização:
1. **Redefinir** o modelo com 2 novos parâmetros que sejam únicos =
*reparametrização* = modelo de médias de caselas (sem intercepto)
2. **Restringir** os parâmetros (várias formas)
3. **Combinar linearmente** os parâmetros (várias formas)
## Redefinindo o modelo
Usando a abordagem 1 acima podemos redefinir o modelo para que ele
possua 2 parâmetros, fazendo com que a matriz $\mathbf{X}$ tenha posto
completo, e por consequência seja invertível.
Uma forma de redefinir esse modelo seria assumir que
$$
\mu_{ij} = \mu + \alpha_i
$$
Portanto o modelo se resumiria a
$$
\begin{align}
y_{ij} &= \mu + \alpha_i + \epsilon_{ij} \\
&= \mu_{ij} + \epsilon_{ij}
\end{align}
$$
Dessa forma, assumindo o mesmo exemplo com $i = 1,2$ níveis e $j =
1,2,3$ repetições, temos um modelo com apenas dois parâmetros a serem
estimados: $\mu_1$ e $\mu_2$, que agora representam o efeito médio do
tratamento *após* a aplicação dos níveis 1 e 2, respectivamente.
O modelo na forma matricial fica:
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_{11} \\ y_{12} \\ y_{13} \\ y_{21} \\ y_{22} \\ y_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & 0 \\
1 & 0 \\
1 & 0 \\
0 & 1 \\
0 & 1 \\
0 & 1
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\mu_1 \\ \mu_2 \\
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_{11} \\ \epsilon_{12} \\ \epsilon_{13} \\ \epsilon_{21} \\ \epsilon_{22} \\ \epsilon_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
Dessa forma, o posto de $\mathbf{X}$ é 2 (pois temos duas colunas
linearmente independentes), e a matriz é invertível. Usando o mesmo
exemplo anterior no R:
```{r}
##----------------------------------------------------------------------
## A matriz X para o modelo anterior é a mesma, com excessão da primeira
## coluna. Portanto, chamando de X2 essa nova matriz,
(X2 <- X[ , -1])
## X'
X2t <- t(X2)
## X'X
(X2tX2 <- X2t %*% X2)
## (X'X)^-1
solve(X2tX2)
```
Note que nesse caso específico, ficamos com uma matriz diagonal que é
facilmente invertida
```{r}
MASS::fractions(solve(X2tX2))
```
Dessa forma, podemos estimar os parâmetros $\mu_1$ e $\mu_2$. O modelo
como especificado dessa forma é também chamado de modelo de **média de
caselas**.
## Restringindo os parâmetros
Usando a abordagem 2 acima, a ideia de restringir os parâmetros tem o
mesmo objetivo: reduzir o número de parâmetros a serem estimados de
forma que a matriz $\mathbf{X}$ tenha posto completo e seja invertível.
Existem várias formas de restringir os parâmetros, como por exemplo,
assumir que um determinado parâmetro é fixo, e estimar os demais
desconhecidos. As restrições mais comuns, por serem mais fáceis de serem
interpretadas, são:
- Assumir que a soma de todos os efeitos é igual a zero, ou seja,
$\sum_{i=1}^{k} \alpha_i = 0$
- Assumir que o primeiro nível do fator é zero, ou seja, $\alpha_1 = 0$
- Assumir que o último nível do fator é zero, ou seja, $\alpha_k = 0$
Estas restrições reduzem o número de parâmetros a serem estimados. Como
todas elas impõem algum tipo de relação entre os parâmetros, estas
restrições também são chamadas de **contrastes**.
### Soma zero
O contraste do tipo soma zero, assume que a soma de todos os efeitos
é igual a zero. Continuando com o exemplo anterior, onde temos um fator
com 2 níveis e 3 repetições, o contraste é
$$
\sum_{i=1}^{k} \alpha_i = 0 \quad \Rightarrow \quad \alpha_1 +
\alpha_2 = 0
$$
Como
$$
\alpha_1 + \alpha_2 = 0 \quad \Rightarrow \quad \alpha_2 = -\alpha_1
$$
então o modelo fica
$$
y_{1j} = \mu + \alpha_1 + \epsilon_{1j} \\
y_{2j} = \mu - \alpha_1 + \epsilon_{2j}
$$
E na forma matricial
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_{11} \\ y_{12} \\ y_{13} \\ y_{21} \\ y_{22} \\ y_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & 1 \\
1 & 1 \\
1 & 1 \\
1 & -1 \\
1 & -1 \\
1 & -1
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\mu \\ \alpha_1 \\
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_{11} \\ \epsilon_{12} \\ \epsilon_{13} \\ \epsilon_{21} \\ \epsilon_{22} \\ \epsilon_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
Dessa forma, o posto de $\mathbf{X}$ é 2 (pois temos duas colunas
linearmente independentes), e a matriz é invertível. Usando o mesmo
exemplo anterior no R:
```{r}
##----------------------------------------------------------------------
## A matriz X para o modelo anterior é a diferença entra as duas colunas
## finais da matriz X original. Portanto, chamando de X3 essa nova
## matriz,
(X3 <- cbind(X[, 1], X[, 2] - X[, 3]))
## X'
X3t <- t(X3)
## X'X
(X3tX3 <- X3t %*% X3)
## (X'X)^-1
solve(X3tX3)
```
Note que nesse caso específico, ficamos com uma matriz diagonal que é
facilmente invertida
```{r}
MASS::fractions(solve(X3tX3))
```
Dessa forma, podemos estimar os parâmetros $\mu$ e $\alpha_1$. Note que,
pela definição da matriz do modelo, o parâmetro $\mu$ é a média geral
das observações, e o parâmetro $\alpha_1$ é o acréscimo (ou decréscimo)
associado a cada nível do tratamento em relação à média geral. Por
exemplo, os efeitos (médias) de cada tratamento serão dados por
$$
\mu_{1j} = \mu + \alpha_1 \\
\mu_{2j} = \mu - \alpha_1
$$
### Primeiro nível zero
Assumir que o primeiro nível do fator é igual a zero implica em assumir
que um parâmetro do modelo é conhecido, portanto não precisa ser
estimado, e assim se reduz o número de parâmetros. Do exemplo anterior,
assumindo
$$
\alpha_1 = 0
$$
o modelo fica
$$
y_{1j} = \mu + 0 + \epsilon_{1j} \\
y_{2j} = \mu + \alpha_2 + \epsilon_{2j}
$$
E na forma matricial
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_{11} \\ y_{12} \\ y_{13} \\ y_{21} \\ y_{22} \\ y_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & 0 \\
1 & 0 \\
1 & 0 \\
1 & 1 \\
1 & 1 \\
1 & 1
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\mu \\ \alpha_2 \\
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_{11} \\ \epsilon_{12} \\ \epsilon_{13} \\ \epsilon_{21} \\ \epsilon_{22} \\ \epsilon_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
Dessa forma, o posto de $\mathbf{X}$ é 2 (pois temos duas colunas
linearmente independentes), e a matriz é invertível. Usando o mesmo
exemplo anterior no R:
```{r}
##----------------------------------------------------------------------
## A matriz X para o modelo anterior é igual a matriz X original, menos
## a segunda coluna. Portanto, chamando de X4 essa nova matriz,
(X4 <- X[, -2])
## X'
X4t <- t(X4)
## X'X
(X4tX4 <- X4t %*% X4)
## (X'X)^-1
solve(X4tX4)
```
Note que a matriz não é diagonal, mas é invertível. Dessa forma, podemos
estimar os parâmetros $\mu$ e $\alpha_2$. Pela definição da matriz desse
modelo, o parâmetro $\mu$ é a média do nível 1, pois na primeira equação
temos
$$
y_{1j} = \mu + \epsilon_{1j} \quad \Rightarrow \quad \text{E}[y_{1j}] = \mu
$$
Como
$$
y_{2j} = \mu + \alpha_2 + \epsilon_{2j} \quad \Rightarrow \quad
\text{E}[y_{2j}] = \mu + \alpha_2 = \text{E}[y_{1j}] + \alpha_2
$$
então o parâmetro $\alpha_2$ deve ser interpretado como a diferença
entre a média do nível 1 com o efeito do nível 2 (um contraste). O sinal
de $\alpha_2$ indicará se o efeito do nível 2 é maior ($+$) ou menor
($-$) do que do nível 1.
### Último nível zero
Assumir que o último nível do fator é igual a zero implica em assumir
que um parâmetro do modelo é conhecido, portanto não precisa ser
estimado, e assim se reduz o número de parâmetros. Do exemplo anterior,
assumindo
$$
\alpha_2 = 0
$$
o modelo fica
$$
y_{1j} = \mu + \alpha_1 + \epsilon_{1j} \\
y_{2j} = \mu + 0 + \epsilon_{2j}
$$
E na forma matricial
$$
\mathbf{y} = \mathbf{X}\boldsymbol{\beta} + \boldsymbol{\epsilon}
$$
$$
\begin{bmatrix}
y_{11} \\ y_{12} \\ y_{13} \\ y_{21} \\ y_{22} \\ y_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
=
\begin{bmatrix}
1 & 1 \\
1 & 1 \\
1 & 1 \\
1 & 0 \\
1 & 0 \\
1 & 0
\end{bmatrix}%_{n \times (k+1)}
\begin{bmatrix}
\mu \\ \alpha_1 \\
\end{bmatrix}%_{(k+1) \times 1}
+
\begin{bmatrix}
\epsilon_{11} \\ \epsilon_{12} \\ \epsilon_{13} \\ \epsilon_{21} \\ \epsilon_{22} \\ \epsilon_{23}
\end{bmatrix}%_{n \times 1}
$$
Dessa forma, o posto de $\mathbf{X}$ é 2 (pois temos duas colunas
linearmente independentes), e a matriz é invertível. Usando o mesmo
exemplo anterior no R:
```{r}
##----------------------------------------------------------------------
## A matriz X para o modelo anterior é igual a matriz X original, menos
## a terceira coluna. Portanto, chamando de X5 essa nova matriz,
(X5 <- X[, -3])
## X'
X5t <- t(X5)
## X'X
(X5tX5 <- X5t %*% X5)
## (X'X)^-1
solve(X5tX5)
```
Note que a matriz não é diagonal, mas é invertível. Dessa forma, podemos
estimar os parâmetros $\mu$ e $\alpha_1$. Pela definição da matriz desse
modelo, o parâmetro $\mu$ é a média do nível 2, pois na segunda equação
temos
$$
y_{2j} = \mu + \epsilon_{2j} \quad \Rightarrow \quad \text{E}[y_{2j}] = \mu
$$
Como
$$
y_{1j} = \mu + \alpha_1 + \epsilon_{1j} \quad \Rightarrow \quad
\text{E}[y_{1j}] = \mu + \alpha_1 = \text{E}[y_{2j}] + \alpha_1
$$
então o parâmetro $\alpha_1$ deve ser interpretado como a diferença
entre a média do nível 2 com o efeito do nível 1 (um contraste). O sinal
de $\alpha_1$ indicará se o efeito do nível 1 é maior ($+$) ou menor
($-$) do que do nível 2.